Durante a fase pericial do processo que foi movido diante das similaridades entre diversas passagens da novela O Sétimo Guardião e o livro As Muralhas Da Vida Eterna, a perita Rayda Melissa Silva de Araújo Tolentino, brilhantemente elaborou seu trabalho e, nesse trabalho, apontou o personagem Feliciano da novela e a personagem Sofia do livro como as maiores evidências de que houve sim um plágio, quando se fala em ambas as obras.
Assim vejamos o que foi, entre tantas outras evidências, trazido no processo pela perita, com relação a esses dois personagens:
Ademais,
devemos prestar muita atenção no personagem Feliciano. Esse personagem é evidentemente um personagem retirado
da obra As Muralhas da Vida Eterna. A
cena da tempestade da novela solicitada pela assistente da perícia não
caracteriza apenas uma tempestade em comum entre diversas obras. Além de
acontecer exatamente como o narrado no livro, traz a figura do Feliciano
enfrentando a intempérie sem qualquer medo, enquanto todos os moradores da
pequena e pacata cidade da história fogem apavorados. Não se trata de uma mera
tempestade em comum. A obra As Muralhas
da Vida Eterna, além de uma obra de realismo fantástico, é também uma obra
filosófica. A tempestade narrada no livro é, logo, uma reflexão filosófica
trazida pela autora, envolvendo sua personagem a Insana/Sofia, a qual, exatamente
como Feliciano, é considerada louca, mas é, na verdade, uma sábia que vive em
um pacato e surreal vilarejo, tem aparição
constante na igreja, vive carregando um cajado, canta dialetos
dentro da igreja do vilarejo, tem autoridade sobre os guardiões da pacata
cidade da história e
ainda aparece enfrentando com gosto e sem medo as intempéries. Aqui ocorre
evidentemente a lição ensinada acima por Antônio Chaves. Temos uma obra
filosófica, da qual sua medula, sua natureza e qualidade são retiradas para
adaptação de uma novela.
Assim nos lembremos da passagem do livro:
“Uma velha de cabelos
totalmente brancos e um cajado na mão, entre aquela gente, abria espaço” (Pág.
41).
“Quando, por meio da
água ou do vento, a natureza, de forma brusca, se manifestava, a louca,
enquanto todos fugiam, ao fenômeno enfrentava” (Pág. 43).
Na
verdade, eram mesmo constantes os gestos que a louca, aos costumes, usava para
contrariar. Ah! Sim! E era na igreja, que, curiosamente, a sua manifestação de
loucura sempre se fazia maior (Pág. 44).
“Aquela a quem todos
chamavam de insana, na verdade, parecia ter muito conhecimento” (Pág. 139).
“Falou
brandamente a louca, completando o que dizia com um dialeto desconhecido por
Yago” (Pág. 315).
“Sim! Porque naquela
tarde, uma ventania apavorante cobriu o vilarejo da Vida Eterna. Sob um
tenebroso som, aquele vendaval surgia, carregando muitas telhas e derrubando
muitas árvores” (Pág. 334).
E da mesma forma, dentre tantas outras
passagens, nos lembremos assim do capítulo 14 do dia 27 de novembro de 2018 da
novela O Sétimo Guardião:
E
assim se caracteriza Feliciano, tal como Sofia, a Insana do livro:
Feliciano,
na novela, ganha obviamente uma história maior, um romance, pois sabemos que é
assim que acontece quando obras de livros são adaptadas a novelas. Neste caso,
os personagens de um livro acabam ganhando uma dramatização maior a fim de que
a novela possa ser constituída. (Memorial - Parecer Técnico de Rayda Melissa Silva de Araújo Tolentino).
Por sua vez, o perito oficial do processo, André Luiz Souza Alvarez, trouxe o seguinte parecer diante de todas as evidências narradas:
"Como já exposto, essência criativa da obra “O sétimo guardião” está
baseada em uma fonte secreta, em que Feliciano é um dos guardiões dessa
fonte secreta. Portanto, por Sofia não ser guardiã de uma fonte secreta,
entendo que as semelhanças entre os personagens são apenas superficiais" (André Luiz Souza Alvarez, perito judicial).
Diante de todo exposto, reservo-me o direito de não me manifestar sobre o parecer do senhor perito oficial. Nada é preciso dizer. Muita coisa é evidente. Aproveito para agradecer à senhora perita Rayda Tolentino, que nos trouxe um laudo verdadeiramente magistral. Vamos agora aguardar o resultado final do processo e a sentença do ilustríssimo Magistrado da causa!
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